sábado, 9 de outubro de 2010

Marina 2010

MARINA... VOCE SE PINTOU
Marina,... você se pintou?
                                                                                                                         Maurício Abdalla[1]


“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra.

Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata.

Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”.

Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso.

E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”.

Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.



[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Desafio

Otávio é um sapo. Ele come vinte moscas por dia. Quando Otávio se disfarça, ele consegue comer o triplo de moscas. E quando usa óculos espelhados, come o quádruplo do que consegue comer disfarçado. Otávio se disfarça duas vezes por semana e nas sextas-feiras usa óculos espelhados. Aos domingos ele jejua. Em uma semana, quantas moscas Otávio come?

Aguardo respostas.
Hebe

sábado, 4 de setembro de 2010

Dezessete e Setecentos - Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)

Eu lhe dei vinte mil réis
Pra pagar três e trezentos
Você tem que me voltar
Dezessete e setecentos
Dezessete e setecentos.
Sou diplomado
Freqüentei a academia
Conheço geografia
Sei até multiplicar
Dei vinte mangos
pra pagar três e trezentos
Dezessete e setecentos
Você tem que me voltar
Mas eu lhe dei vinte mil réis
Pra pagar três e trezentos
Você tem que me voltar
Dezesseis setecentos
Dezessete e setecentos.
Eu acho bom você tirar os noves fora
Evitar que eu vá embora
E deixe a conta sem pagar
Eu já lhe disse que essa droga está errada
Vou buscar a tabuada
E volto aqui pra lhe provar.

Professores de matemática, com esta música de Luiz Gonzaga e Milguel Lima pode-se trabalhar a subtração com os alunos de uma forma prazerosa, lembrando que partimos de algo interessante, para aprofundarmos nos conceitos.
Boa aula
Hebe

Vira, Vira, Vira Lobisomem

No sétimo dia da passagem do ano zero, em noite de lua cheia nasceu Lobisô. Estavam presentes todas as gentes assombradas: fantasmas, toda a vampirada, sacis, mães-d’água e a bruxarada. Os lobos uivaram, os cães ganiram, os galos cantaram, mas os fatos estavam traçados...

Lobisô cresceu um bonito menino. Calmo, gorducho e brincalhão.

Nas noites de sexta-feira, de lua cheia, acontecia, porém, que, à meia-noite, seus cabelos cresciam, as unhas encurvavam e ele ficava barbudão. Como todos dormiam, ninguém via, nem ele sabia...
Quando fez 7 anos (1x7), na primeira lua cheia, à meia-noite, Lobisô acordou. Sentiu uma coisa esquisita, deu um estremeção. Seu corpo se cobriu de penas, virou um gavião, deu um longo pio e saiu pela janela, batendo as grandes asas...

Lobisô gavião voou alto, alto, longe, longe. Suas penas ficaram prateadas ao luar, brilharam como estrelas. Lobisô aprendeu que a Terra era redonda, que rolava no espaço. À sua volta passavam nuvens, ventos. Ele cortou as nuvens, acompanhou os ventos, viu mares, lagos e montes. Aprendeu a voar livre e solto pelos caminhos do mundo. Conheceu a liberdade. Quando a meia-noite foi clareando, o horizonte avermelhando, Lobisô-gavião voltou pra casa. Virou Lobisô-menino.

Quando Lobisô fez 14 anos (2x7), com a lua cheia no céu, foi virando leão. Bem grandão. Juba enorme, garras fortes. Correu as matas, travou grandes combates, venceu o hipopótamo, o elefante, o leopardo. Conheceu a força e o poder. Na selva foi rei. Ao alvorecer, o forte e poderoso Lobisô-rei-leão voltou a ser um rapagão, que amava a força, gostava da paz, mas não temia a guerra.

Lobisô completou 21 anos (3x7) e, ao clarão da lua cheia, em noite de primavera, virou zangão. Viveu entre zumbidos, provou o mais doce mel, inebriou-se com o perfume dos jasmins, rosas e violetas...

Enamorado, cortou rápido os ares, perseguiu a Rainha e os dois viveram no vôo nupcial um lindo sonho de amor. E, antes que o dia nascesse e a abelha rainha lhe desse o golpe mortal, Lobisô-zangão virou Lobisô-moço. Com o tempo, ele encontrou a companheira sonhada, com ela viveu dias de amor...

E Lobisô, a cada sete anos, nas noites de lua cheia, foi virando: Lobisô-urso (4x7), Lobisô-tubarão (5x7), Lobisô-cisne (6x7), Lobisô-raposa (7x7).

Conheceu o peso dos anos, a força da vida, teve filhos, lutou pelos homens. Amadureceu. Não se assustava com as mudanças... Agora esperava. Aos 56 anos (8x7), Lobisô, com a lua cheia, esperou a viração. Virou Lobisô-coruja e, ao clarão do luar, conheceu os sábios do mundo. E sentiu-se um igual.

Aos 63 anos (9x7), Lobisô esperou a hora da mudança. À meia-noite Lobisô-pomba conheceu a paz. Intriga alguma, cara feia de muitos, nenhuma má palavra causavam-lhe mal. Batiam na pomba e desapareciam. Só calma e serenidade tinham lugar no coração de Lobisô-pomba.

Aos 70 anos (10x7), o clarão da lua cheia transformou Lobisô em Lobisô-ostra. E, durante toda aquela noite, ele trabalhou silencioso até produzir a mais bela pérola. Lobisô guardou-a na sua alma. Tinha descoberto que eram precisos dez vezes sete anos para se construir uma vida tão preciosa como a pérola...

Lobisô ainda foi Lobisô-borboleta, pois o peso dos anos desaparecera e ele agora leve, leve como um sopro de ar. De tão leve e tão sereno foi ao encontro da lua cheia como Lobisomem e nunca mais desvirou...

Lúcia Pimentel Góes – Ed. Paulinas

Sugestões de atividades a partir da história Vira, Vira, Vira Lobisomem:
1. Responda:

a.) O que acontecia com Lobisô nas noites de sexta-feira quando ainda era menino?

b.) Qual era o intervalo de tempo entre as transformações de Lobisô?

c.) Por quantas horas, aproximadamente, Lobisô ficou transformado em gavião? Como você chegou a essa conclusão?

d.) Quantas décadas Lobisô já havia vivido quando se transformou em ostra?

e.) Qual a relação entre a imagem do início e a imagem do final da história?

2. Preencha as lacunas com as informações da história:

Quando no céu aparecia a _________________________no horário da _____________, Lobisô se transformava em algum _________________.

3. Complete a tabela com a idade e o animal que Lobisô se transformou:

Idade Animal

4. Assinale com um X a alternativa correta:

a.) Os animais que Lobisô combateu quando virou leão pertencem à classe dos:

( ) répteis ( ) mamíferos ( ) peixes ( ) anfíbios

b.) A estação do ano em que Lobisô completou 21 anos foi:

( ) verão ( ) outono ( ) inverno ( ) primavera

5. Cite os elementos da natureza que Lobisô-gavião conheceu:

6. Desenhe dois relógios, um digital e um analógico, e marque o horário em que aconteciam as virações de Lobisô:

7. Numere, ordenando as medidas de tempo, da mais curta até a mais longa:

( ) ano ( ) semana ( ) minuto ( ) século

( ) hora ( ) mês ( ) dia ( ) segundo

8. Explique o significado da palavra tempo nas frases:

a.) O meteorologista prevê tempo chuvoso no final de semana.

b.) Meu avô sempre conta que no seu tempo os alunos iam a cavalo para a escola.

c.) Não deu tempo para comprar o presente, pois eu iria perder o ônibus.

9. Os homens criaram alguns instrumentos para medir o tempo, entre eles, a ampulheta e o relógio. Desenhe esses instrumentos e explique como eles medem o tempo:

10. O texto diz: “E, antes que o dia nascesse e a Abelha Rainha lhe desse o golpe mortal”. De que golpe está se falando?

11. Aos 70 anos, Lobisô virou Lobisô-ostra, produziu uma pérola e guardou-a na sua alma. Pesquise como as ostras produzem as pérolas:

12. Quando jovem, Lobisô virava animais fortes e, com o passar do tempo, virava animais mais delicados. Em sua opinião, o que isso indica?

13. Lobisô virou vários animais e conheceu o mundo. E você, em que gostaria de se transformar? O que iria conhecer?

14. Quais as coisas que você faz em que o tempo passa muito devagar? E muito depressa?

15. Em comemoração ao folclore, o jornal da sua cidade está publicando, no caderno infantil, as lendas mais conhecidas pela população. Nossa escola vai participar e você deve recontar a lenda do Lobisomem.

16. Imite as vozes dos animais da história.

17. Utilize máscaras e dramatize as transformações do Lobisô (ex.: gavião – vôo, bater asas, pio).

18. Confeccione as flores citadas na história através de dobraduras e palitos.

19. Confeccione os animais com massa de modelar ou fantoche de palito e coloque-os em cenários que representem o ambiente em que vivem. Caracterize esses ambientes.

20. Confeccione com dobradura algum dos animais da história e reconte o que Lobisô conheceu enquanto estava transformado nesse animal.

21. Dance e gesticule conforme a letra das músicas Tumbalacatumba (Dança das caveiras) e O Vira ( Ney Matogrosso).



Atividades elaboradas pelas assessoras pedagógicas: Adriana Janete Zini, Marinês Feiten da Silva e Teresinha Maria Manica Salvador – Secretaria Municipal da Educação de Caxias do Sul- RS.

Refletindo sobre a gestão democrática

 "Durkheim afirma a escola de ser um fato social, coercitiva, que impõe as pessoas às suas ações educativas"


Porém, não podemos ignorar as relações de poder, como uma corrente coercitiva pode está ligada a uma gestão democrática? Pensem, reflitam gestão democrática na visão de Durkheim é uma falácia, pois esta corrente defende as relações de pode numa verticalidade, com suas estruturas lineares, segmentadas, em espaços individualizados, com os relacionamentos baseados na competição, visão das partes, objetivando um vencedor. É isso que vocês chamam e defendem de gestão democrática? Por isso afirmei e continuo afirmando senhores advogados, é preciso saber os conceitos nas concepções.

Defendo uma gestão democrática sim, mas não na visão de Durkheim, mas numa perspectiva de gestão democrática onde as relações de poder são horizontais, nas estruturas circulares, em espaços coletivos, no dialogo, mediação de conflito visando à construção e avanço todo. É preciso ler as entrelinhas e saber que o réu (gestão democrática) em questão, está acompanhado de uma citação de Durkheim. Destarte, como querer justificar a gestão democrática apenas pela aparência, e seus fundamentos implicados no positivismo são irrelevantes? Não trabalhamos no censo comum, fazendo uma salada, pegando de cada corrente o que convém ao discurso do momento, porque assim, ficamos apenas na superficialidade.